sábado, 23 de maio de 2009

Bartonella - Doença da Arranhadura do Gato!

Obrigado pela participação dos colegas que enviam e-mails com perguntas. Não deixem de participar da votação no início da página do Blog.

Escrever sobre Bartonella na verdade não surgiu de nenhuma dúvida dos colegas mas de uma palestra que eu participei há alguns dias atrás, ministrada pelo Dr. William Hardy, diretor de um dos maiores laboratórios dos EUA - National Veterinary Laboratory, Inc. A palestra foi ótima abrangendo todos os aspectos importantes sobre o tema. Bartonella é uma bactéria que causa doença em gatos e que pode causar sérios problemas para nós, donos de gatos, ou qualquer pessoa que tenha contato com gatos infectados. Existem aproximadamente 20 espécies dessa bactéria sendo transmitida principalmente pela pulga. O gato pode transmitir essa bactéria para as pessoas através de arranhões (daí o nome Doença da Arranhadura do Gato), ou mordidas.

Das 20 espécies de bactérias que eu comentei inicialmente, o gato pode se infectar com 6 delas, e aí vem o grande problema, eles podem ser portadores e infectar pessoas sem que ninguém saiba. As bactérias mais envolvidas na contaminação gato-humanos são: Bartonella henselae e Bartonella clarridgeiae, porém outras espécies foram reportadas causando doenças em pessoas portadoras de doenças que causam baixa na imunidade. A prevalência de gatos infectados com Bartonella nos EUA é alta chegando a 28% em alguns estados (principalmente estados do Sudeste) eu acredito que o mesmo seja verdade no Brasil nas regiões mais húmidas e quentes.

Os sinais clínicos mais comuns em gatos são gengivite, estomatite, ulceras na boca e aumento dos linfonodos submandibulares, mas vários outros sintomas podem estar presente afetando os olhos, pele e trato gastrointestinal. Em nós humanos, os sinais clínicos mais comuns são linfoadenomegalias, febre, endocardites, angiomatose, e corioretinite. Felizmente o tratamento tanto em gatos como em pessoas é simples e envolve o uso de antibióticos por um período longo, o maior problema na verdade é diagnosticar a doença a tempo, uma vez que ela pode ser confundida com várias outras.

Por isso é muito importante testar os gatos, principalmente gatos que foram resgatados das ruas e colocados para adoção. Existem diversos testes disponíveis mas nem todos fornecem bons resultados devido ao fato dessa bactéria ser de difícil cultura e identificação via ELISA ou PCR. Nos EUA método de escolha e serologia (Western Immunoblot), que requer um laboratório mais especializado, muito embora o custo do teste não seja proibitivo (em torno de 20 dólares).

Prevenir pulgas, testar gatos novos e tratar os positivos são algumas medidas que nós veterinários podemos tomar para reduzir o risco das pessoas se contaminarem com essa bactéria. Existem diversos outros detalhes sobre essa doença no material distribuído no dia da palestra e que seria impraticável cobrir tudo no blog, mas se você tiver interesse em saber mais poste seu comentário abaixo para discutirmos.