sábado, 13 de junho de 2009

Achados de Malignidade na Citologia.

Respondendo uma pergunta de um colega que pratica em Belo Horizonte, MG. "Prezado Dr. Bolfer, eu acompanhei como leitor o último caso de Linfoma do Hospital Veterinário Virtual - www.freepowerboards.com/hvv - e gostaria de saber quais são os critérios usados para se chegar a conclusão de que as células são realmente malignas?

Identificar malignidade nas células de um slide, seja ele um aspirado um uma impressão, é muito subjetivo e pode variar muito entre observadores. Eu não sou patologista e recomendo sempre enviar amostras de tecido e slides para o laboratório para ter um avaliação mais especializada, mas acredito que podemos ter uma idéia geral do que está acontecendo fazendo citologias na hora no hospital. Para isso eu uso um critério que envolve tentar identificar pelo menos 4 ou 5 das 8 características básicas de malignidade abaixo.

1 - Anisocariose - variação no tamanho das células

2 - Ploemorfismo - variação no tamanho e no formato de células do mesmo tipo celular

3 - Alta relação núcleo:citoplasma - geralmente aumento do núcleo e pouco citoplasma

4 - Atividade mitótica acentuada - essa característica é rara em células de tecidos normais, nas mais variadas neoplasias você pode encontrar figuras mitóticas ou células que não estão se dividindo igualmente.

5 - Padrão de cromatina "grossa" - quando você tem cromatina onde o padrão parece mais grosseiro ou rugoso do que o normal.

6 - Transformação Nuclear - são deformidades notadas no núcleo das células por núcleos na mesma célula ou em outras células adjacentes.

7 - Multinucleação - presença de múltiplos núcleos em uma mesma célula.

8 - Variação Nuclear - presença de núcleos que variam em tamanho, forma e número.

Infecção Cutânea por Fonsecaea pedrosoi em cães

Foi publicado no Journal of Veterinary Diagnostic Investigation o relato de caso de um cão diagnosticado com Fonsecaea pedrosoi. (Rajeev, S, Clifton G, Watson C, Miller D. J VET DIAGN INVEST 20:379-381, 2008). Os autores relatam ter diagnosticado a infecção em um cão da raça Jack Russeal Terrier na Geórgia, EUA. O paciente apresentava história cronica de doença de pele que tem respondido minimamente a vários antibióticos e antifúngicos. Foi realizada biópsia de pele para análise histopatológica e cultura fúngica e bacteriana. A análise revelou inflamação mista com alta população de linfócitos, macrófagos, células plasmáticas e reduzido número de eosinófilos e neutrófilos. Uma população mista de bactérias cresceu na cultura bacteriana mas o que chamou a atenção foi o crescimento de F. pedrosoi na cultura fúngica.

F. pedrosoi é o agente etiológico da cromoblastomicose em humanos, uma infecção fúngica cutânea e de tecidos subcutâneos. Esse fungo já havia sido isolado anteriormente em um gato mas nunca em um cão. Esse tipo de infecção requer uma terapia médica e cirúrgica significativa e raramente é curativa. Recorrências e relapsos são muito comuns. Esse paciente foi tratado com itraconazole mas apresentou diversos episódios de relapso durante tratamento.

Comentários
Esse é o primeiro caso de infecção por F. pedrosoi em cães. Devido a dificuldade no tratamento dessa infecção, esse fungo deve ser colocado na lista de diferenciais para doenças crônicas de pele especialmente em animais que vivem em áreas tropicais e subtropicais. Esse organismo possui potencial zoonótico e por isso o diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível.