
Já que comentamos sobre intoxicação com uva passa, vamos continuar no mesmo tópico. Esse artigo foi publicado no
Journal of the American Veterinary Medical
Association (
JAVMA) por
Dereszynski DM,
Center SA,
Randolph JF e
Brooks MB (232:1329-1337,2008). Cães são susceptíveis a
aflatoxicose. Em 2005 houve uma distribuição de comida de cães contaminada com
aflatoxina nos EUA, principalmente nos estados do sudeste. Eu lembro muito bem desse incidente, eu estava na Florida e houve um alvoroço, hospitais veterinários lotados de clientes preocupados e a situação só piorava a medida em que a
mídia atualizava a lista de marcas de fabricantes de ração que identificavam a toxina em seus lotes. Um estudo retrospectivo de 72 casos foi conduzido para caracterizar os sinais clínicos, achados
clinicopatolgicos, tratamentos e tempo de
sobrevida de animas envolvidos nesse episódio. Os sinais clínicos mais comuns foram anorexia, letargia,
vomitos, icterícia, diarreia, efusão abdominal, edema periférico e em casos mais complicados
encefalopatia. Os achados
clinicopatologicos mais evidentes foram distúrbios de coagulação e
eletrolíticos,
hipoproteinemia, elevação das enzimas hepáticas,
hiperbilirrubinemia e
hipocolesterolemia. Pacientes que apresentavam
cilindruria granular (7/21) tinham o pior prognóstico. Os melhores marcadores para um
diagóstico antecipado foram a
atividade plasmática das proteínas anticoagulantes (
proteina C,
antitrombina) e
hipocolesterolemia.
Comentários
Aflatoxina, uma toxina produzida pelo fungo Aspergillus, pode causar intoxicação com risco de vida em cães devido a disfunção hepática. Diferenciar aflatoxina como sendo a causa da insuficiência hepática pode ser muito difícil em certos casos. Esse artigo cita diversos marcadores que podem ser usados como auxílio diagnóstico, no entanto diversos testes não comumente realizados em cães assim como biopsias podem ser necessários. O diagnóstico antecipado é importante não somente para melhorar o prognostico, mas também para identificar que existe contaminação nas rações sendo distribuídas antes que as proporções tornem-se gigantescas.
Bom dia Dr. Bolfer. Adorei o blog, será de muita valia para nós, "mães" de cães e gatos. Mas desculpa a ignorância caso eu não tenha lido corretamente o texto. Mas o que é que o "milho" tem haver com a "Aflatoxicose"? Grata :)
ResponderExcluirPrezada Maria Lucia, obrigado por postar sua pergunta e principalemte pelo incentivo, o milho, devido ao seu valor enérgico, é utilizado pela maioria dos fabricantes de rações de cães e gatos, e outras espécies tbm, o fungo Aspergillus é um dos principais fungos envolvidos no emboloramento do milho, por isso deve-se tomar muito cuidado na verificação do milho antes de utilizá-lo na fabricação de ração. Esse episódio ocorrido nos EUA em 2005 foi causado justamente devido ao milho mofado contendo a toxina.
ResponderExcluirUm abraço e obrigado novamente.
Luiz