quinta-feira, 30 de abril de 2009

Nova forma de Pododermatite!

Pododermatite é uma doença de pele comum em cães causada por uma vasta lista de desordens. Foi publicado no Journal of Veterinary Dermatology (Duclos DD, Hargis AM, Hanley PW, 19:134-141, 2008) um estudo conduzido em 28 cães que apresentavam claudicação cronica associada a presença de nódulos interdigitais recorrentes. Esses cães foram tratados com cirurgia laser para remover as lesões, que se localizavam nas superfícies palmar e plantar e foram histologicamente caracterizadas como sendo cistos foliculares. O tempo de duração das lesões, até o momento da apresentação do paciente ao veterinário foi de 2.4 anos (0.5 a 7 anos). Clinicamente, as lesões se localizavam entre os dígitos 4 e 5 e principalmente afetando os membros anteriores. A cirurgia laser permitiu a remoção de múltiplas camadas do cisto, no entanto, alguns cães necessitaram mais de um procedimento devido a alta recorrência do cisto.

Comentários
Esse estudo descreve uma síndrome única em cães que ocorre principalmente secundário ao trauma constante. Acredita-se que a patogenicidade esteja relacionada a formação de hiperqueratose e acantose devido ao constate trauma externo. Uma vez que existem diversos fatores que podem contribuir para formação de lesões interdigitais, é de extrema importância excluir essa síndrome dos diferenciais para evitar perda da adesão do proprietário ao tratamento devido as constantes recorrências.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Adesivos de Lidocaina para Gatos.

Adesivos contendo lidocaina são utilizados em humanos para promover analgesia para dores causadas pelo Herpes zoster, dores pós-cirúrgica, e para controle da dor causadas por osteoartrites. Dois estudos demonstraram que esses adesivos são seguros para uso em cães; no entanto, sabe-se muito pouco sobre a segurança do seu uso em gatos. Na verdade, gatos são tradicionalmente usados como modelos para toxicidade a lidocaina. Foi publicado no Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics (Ko JCH, Maxwell LK, Abbo LA, Weil AB, 31:359-367, 2008) um estudo onde 8 gatos foram divididos em 2 grupos. O primeiro grupo recebeu lidocaina 2 mg/kg IV e o segundo grupo adesivos de lidocaina contendo 700 mg por 72 horas. Plasma foi coletado em intervalos regulares. Bióspsia tecidual do local de aplicação do adesivo foi realizada e processada para avaliar a concentração de lidocaina. A análise dos dados revelou uma frequência constante de absorção entre 12 e 72 horas, no entanto, foi possível detectar absorção em 3 horas após aplicação. Após a remoção do adesivo, a concentração de lidocaina persistiu por 3.7 horas enquanto que a aplicação intravenosa durou 2.3 horas. A concentração de lidocaina se manteve abaixo dos níveis tóxicos. Os autores concluem que os adesivos podem ser usados com seguranças em gatos.

Comentários
Esse estudo demonstrou que é seguro usar adesivos de lidocaina em gatos por até 72 horas, que é o protocolo adotado na maioria dos hospitais para o adesivo de fentanil. Esses adesivos, caso aprovados mesmo, seriam uma boa alternativa ao uso de adesivos de fentanil, pois esse último é uma substância controlada. Novos estudos deverão ser conduzidos comparando o uso desses adesivos e também utilizando em gatos mais novos para ter certeza que essa é uma opção segura para controle da dor após cirurgica, como castração por exemplo, que é praticada em animais mais novos.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Tratamento para Epilepsia vs Pancreatite

Insuficiência pancreática exócrina e pancreatite foram documentadas em cães tratados para epilepsia com Brometo de Potássio (KBr). O novo teste para diagnóstico de pancreatite canina (cPLI - Lipase pancreática canina específica) foi utilizado para avaliar a concentração sérica de cPLI em cães tratados com KBr sozinho, fenobarbital sozinho ou a combinação de fenobarbital + KBr. Esse estudo foi publicado no Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics por Steiner JM, Xenoulis PG, Anderson JA, et al., 9:37-44,2008. A atividade sérica do cPLI é específica exócrina do pâncreas, e estudos sugerem que é altamente sensível para o diagnóstico de pancreatite. De 337 amostras sanguíneas, 98 foram provenientes de cães tratados com KBr isolado, 118 de cães tratados com fenobarbital isolado, e 121 de cães tratados com ambos os fármacos. Vinte e três (6.8%) dos cães tratados com KBr isolado ou em conjunto com fenobarbital, tiveram concentrações acima do valor normal sugerido para pancreatite (199.9 mcg/L). Esse estudo indica que existe um risco elevado de pancreatite secundária ao tratamento de epilepsia com uso de qualquer dos dois fármacos.

Comentários
Esse estudo sem dúvida levanta suspeitas de que o uso de KBr isolado ou em conjunto com fenobarbital, assim como o uso apenas de fenobarbital, para tratamento de epilepsia em cães pode causar pancreatite. No entanto, os autores não informaram se esses cães possuíam sinais clínicos compatíveis com pancreatite. Novos estudos deverão ser conduzidos para tentar determinar se essas elevações no cPLI tiveram alguma relação com surgimento de sinais clínicos compatíveis com pancreatite. A elevação no cPLI foi realmente causadas devido a uma pancreatite ou devido a indução de secreção de lipase pancreática? A correlação entre elevação da cPLI e presença de sinais clínicos pode ser utilizada para determinar se esses fármacos realmente podem causar pancreatite em cães.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Emergência: Hemoperitoneo

Hemoperitoneo (hemorragia intra-abdominal) pode ser traumática ou não traumática em origem. A severidade pode variar e o manejo clínico é ainda controverso. Foi publicado recentemente no Journal of Veterinary Emergency and Critical Care (Herold LV, Devey JJ, Kirby R, Rudloff, E. 18:40-53, 2008), uma revisão do manejo emergencial do hemoperitoneo. Histórico e exame clínico podem alertar o veterinário sobre a presença de hemoperitoneo; uma avaliação da perfusão ajuda a categorizar o paciente de acordo com a severidade clínica. Os objetivos do manejo incluem: 1 - reestabelecer e manter um volume circulante efetivo, 2 - diagnosticar hemoperitoneo e identificar as anormalidade laboratoriais, 3 - manter capacidade de oxigenação e 4 - interromper a fonte da hemorragia. Os esforços devem ser introduzidos de uma maneira a manter pressão arterial média de 60 mmHg (sistólica 90 mmHg), manter oxigenação, essa pode ser otimizada com uso de transfusão sanguínea para repor a perda de hemoglobina (os autores recomendam transfusão nos casos em que o PCV é menor que 25% e hemoglobina menor que 8 g/dl). Uma vez que a hemorragia foi identificada, deve-se pesquisar por coagulopatias e procurar pela origem da mesma usando intervenção cirúrgica caso necessário. O prognóstico irá depender da etiologia do sangramento abdominal e o sucesso em reverter a situação. Uma revisão retrospectiva de 28 casos de hemoperitoneo traumático em cães mostrou taxa de mortalidade de 27%.

Comentários
Essa foi uma ótima revisão sobre hemoperitoneo em cães. Os autores incluíram informações sobre diagnósticos diferencias, métodos diagnósticos e orientação para o tratamento e controle da hemorragia. Sem dúvida vale a pena ler o artigo completo antes de se deparar com um caso de hemoperitoneo em sua clínica.

domingo, 26 de abril de 2009

Abscesso Pancreático - Algum Prognóstico?

Abscesso pancreático é uma complicação muitas vezes associada a pancreatite. O tratamento ideal é intervenção cirúrgica, mas infelizmente existem poucos estudos avaliando prognóstico, morbidade e mortalidade para que possamos basear nossas recomendações quanto ao tratamento. Recentemente, Anderson JR, Cornell KK, Parnell NK e Salisbury SK, publicaram um artigo no Journal of the American Medical Hospital Association, avaliando o tratamento cirúrgico de abscessos pancreáticos em 36 cães. As intervenções cirúrgicas incluíram debridamento pancreático, pancreatectomia parcial, biópsia pancreática, instalação de dreno de Sump-Penrose e drenagem com abdomen aberto. Nove cães necessitaram uma segunda intervenção, 6 foram eutanaziados durante cirurgia, 8 foram eutanaziados após cirurgia e 8 não sobreviveram durante o pós-operatório. Apenas 14 pacientes se recuperaram e foram avaliados por cerca de 2 meses. Dentre todos os casos, apenas dois tiveram cultura bacteriana positiva, já a efusão peritoneal demonstrou crescimento bacteriano em 7 de 12 amostras. Administração de antibióticos durante a cirurgia, drenagem abdominal, suporte nutricional e uso de colóides não puderam ser associados nem com melhora tão pouco piora do prognóstico. Os autores concluíram que cães com abscessos pancreáticos estão sujeitos a hospitalização prolongada, alta morbidade e mortalidade e prognóstico ruim, independente do tratamento empregado.

Comentários
A hospitalização prolongada e terapia de suporte associada ao tratamento de abscessos pancreáticos, no final, pode custar muito caro fazendo com que os proprietários decidam interromper o tratamento na metade por problemas financeiros. Infelizmente os autores não puderam prever o tempo de sobrevida de nenhum dos pacientes com os tratamentos e dados empregados. Quem sabe uma coleta de dados mais extensa e comparação com casos similares de outras instituições possam ajudar na precisão do prognóstico para os diversos tratamentos disponíveis.

sábado, 25 de abril de 2009

Doença Renal Escondida.

Sabe-se hoje que o Hipertireoidismo felino pode mascarar doença renal. Muitos veterinários confiam que gatos com concentrações normais de uréia e creatinina e gravidade específica urinária acima de 1.035 estão fora de risco de desenvolverem insuficiência renal secundária ao tratamento do hipertireoidismo. Riensche MR, Graves TK e Chaeffer DJ, publicaram no Journal of Feline Medicine and Surgery (10:160-166, 2008) um estudo para tentar determinar quais dados pré-clínicos podem ser usados para prever a ocorrência de insuficiência renal após iniciado tratamento para hipertireoidismo. Um total de 39 gatos com hipertireoidismo foram divididos em 2 grupos: aqueles que não haviam indícios de insuficiência renal por pelo menos 6 meses após tratamento (grupo 1; n=19), e aqueles que desenvolveram insuficiência renal dentro de 6 meses após tratamento (grupo 2; n=20). Sinais clínicos, exame bioquímico, hematologia e urinálise antes e após tratamento para hipertireoidismo foram analisados. Esses exames não mostraram diferenças significativas entre os dois grupos, e mesmo gatos com concentração urinária normal antes do tratamento desenvolveram azotemia. Os autores sugerem fazer um teste com metimazol antes do tratamento definitivo para hipertireoidismo (cirurgia ou terapia radioativa) para verificar os efeitos do eutireoidismo na função renal.

Comentários
Alguns estudos demonstraram diminuição da filtração glomerular ou desenvolvimento de azotemia após estabelecido eutireoidismo associado ao tratamento do hipertireoidismo felino. Esse fato levou ao debate sobre quando um teste com metimazol antes da cirurgia ou terapia radioativa é necessário. Mesmo que os autores não tenham identificado nenhum fator que pudesse prever a insuficiência renal, eles foram muito felizes em demonstrar que o fato de se ter concentração urinária normal antes do tratamento também não garante que o paciente está fora de risco. Devemos então aguardar por mais estudos que possam analisar novas medidas para previsão de insuficiência renal em gatos tratados para hipertireoidismo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cefovecin: Útil para infecções de pele?

Gostaria de agradecer a participação dos leitores e tentarei responder as perguntas enviadas pelo e-mail. A última veio de uma colega de Curitiba-Pr sobre o uso do antibiótico Cefovecin para tratamento de dermatites em cães. Foi publicado recentemente no Journal of the American Veterinary Medical Association (JAVMA) (Six R, Cherni J, Chesebrough R, et al. 233:433-439,2008) um estudo para checar a eficácia e segurança da cefovecin em 235 cães com infecções de pele. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, grupo 1 recebeu uma dose única subcutânea de cefovecin (8 mg/kg) seguida de administrações de placebo PO q12 hrs por 14 dias, e o grupo 2 recebeu uma injeção de placebo seguida de cefadroxil (22 mg/kg) PO q12 hrs por 14 dias. Alguns tratamentos foram estendidos por mais 14 dias de acordo com a avaliação médica de cada indivíduo. Ao término do tratamento, 92,4% dos cães tratados com cefovecin, e 92.3% com cefadroxil tiveram todos os sinais clínicos reduzidos a mínimo ou ausente. Ambos os fármacos tiveram boa tolerância. Os autores concluíram que uma única dose de cefovecin (8 mg/kg) SC, repetida ou não em 14 dias, mostrou-se segura e eficaz no tratamento de infecções de pele naturalmente ocorridas e foi tão eficaz quanto ao uso de cefadroxil (22 mg/kg ) PO q12 hrs por 14 à 28 dias.

Comentários
As cefalosporinas são muito usadas para tratar infecções de pele devido ao seu amplo espectro e segurança. Uma nova cefalosporina de terceira geração, cefovecin sódico, foi recentemente aprovada para uso no tratamento de cães com pioderma superficial, abcessos e lesões infeccionadas.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cultura Fúngica - Diagnóstico Definitivo

As doenças fúngicas mais comumente diagnosticadas por veterinários são causadas por dermatófitos. Prado MR, Brilhante RSN e Cordeiro RA, publicaram no Journal of Veterinary Diagnostics 20:197-202, 2008, um estudo onde os autores investigaram a presença de dermatófitos e leveduras em 633 amostras de 250 cães; 26 sadios, 131 com dermatites, 74 com otites e 19 com doença ocular. Das amostras de cães sadios, 13.5% foram obtidas da pele, 42.3% das orelhas e 3.8% dos olhos. Todas as amostras foram preparadas para cultura e isolamento e checadas com microscopia direta para comparação. Crescimento fúngico foi notado em 20.4% das amostras obtidas de cães com dermatite. Algumas amostras de cães sadios levaram ao crescimento de Malassezia pachydermatis. Das amostras de lesões de pele, Microsporum canis foi isolado com maior frequência (n=39), seguido de Malassezia pachydermatis (n=30) e outras espécies de Malassezia (n=30). Das amostras obtidas em cães com otites, Malassezia pachydermatis foi isolada em 60.8% dos casos e em 2.6% em amostras dos olhos.

Comentários
Os resultados desse estudo comprovam que Malassezia pachydermatis é um importante fator agravante nas doenças de pele, assim como o isolamento de M.canis pode estar automaticamente associado com a formação das lesões de pele. Os resultados também sugerem que a cultura fúngica foi superior a avaliação microscópica direta, e deve ser usada para obtenção de um diagnóstico definitivo em dermatomicoses e otites.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Animais Exóticos - Existe algum risco para nós??

O contato com animais em geral promove vários tipos de emoções além de ser um grande benefício para a socialização de crianças. No entanto, existem também os riscos associados ao contato com animais exóticos. Eu mesmo já fui proprietário de muitos pets exóticos incluindo cobras, lagartos, camudongos e tartarugas. Hoje eu continuo tendo contato com uma tarântula adquirida pela minha esposa. Durante os últimos 15 anos, animais exóticos (incluindo répteis e algumas espécies de mamíferos) aumentaram a popularidade. Segundo a pesquisa publicada no Pediatrics Journal 122:876-886,2008 por Pickering LK, Marano N, Bocchini JA e Angulo FJ, animais não tradicionais podem introduzir agentes infecciosos não existentes no país, assim como expor seres humanos e animais domésticos à doenças zoonóticas. Dentre os exemplos citados no artigo, os mais importantes foram répteis com salmonelose, hamsters com vírus da coriomeningite linfocítica, roedores com praga, macacos com vírus da herpes B e peixes com micobactérias. Crianças com menos de 5 anos apresentaram o maior risco de infecção devido a mordidas, arranhões e, mesmo que não totalmente comprovado, reações alérgicas.

Comentários
Esse artigo apresentou informações bem detalhadas sobre os riscos de se possuir animais exóticos em casa. Muitos proprietários ou interessados em possuir esses tipos de animais não tinham conhecimento desses fatos. O estudo enfatiza que veterinários, assim como médicos pediatras, devem estar preparados para discutir sobre posse responsável e cuidados para minimizar riscos de transmissão de doenças, principalmente quando crianças estão envolvidas. Eu aprendi muito com esse artigo e confesso que tomei algumas medidas em casa para garantir a segurança de todos (esposa, três gatos e um cachorro).

terça-feira, 21 de abril de 2009

Tratamento promissor para FeLV & FIV

Foi publicado recentemente no International Journal of Applied Research (Gingerich DA, 6:61-68,2008) o uso de um agente imunoterapeutico (Imunomodulador de linfócitos T - LTCI) que por mostrar resultados promissores em estudos in vivo e in vitro está planejado seu uso em casos clínicos. LTCI é usando como tratamento adjunto em casos de infecção pelo vírus da leucemia felina (FeLV) e da imunodeficiência felina (FIV). LTCI é uma glicoproteína timica produzida por células epiteliais stromal do timo. Seu mecanismo de ação é ativar células T-helper CD4++ para produzir interleucina-2 (IL-2), gama interferon (IFN) e outras citosinas. IL-2 e IFN estimulam CD8+ (linfócitos-T citotoxicos) a atacarem células infectadas pelos vírus assim como células tumorais. Os efeitos obtidos nesse estudo confirmaram a utilidade do LTCI como um imunomodulador capaz de promover resposta imune e reduzir viremia circulante. Como eu disse anteriormente, já foi planejado seu estudo em casos clínicos.

Comentários

Esse é sem dúvida um tratamento promissor para gatos portadores de FeLV e FIV. LTCI já possui licença condicional para uso terapêutico nos EUA pelo Departamento de Agricultura (USDA), isso demonstra que a expectativa desse produto é alta uma vez que o USDA só libera licença condicional aos produtos que demonstram eficácia, que sejam puros, e que passaram por testes de segurança. Vamos ficar de olho..

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Isso é Aflatoxicose??

Já que comentamos sobre intoxicação com uva passa, vamos continuar no mesmo tópico. Esse artigo foi publicado no Journal of the American Veterinary Medical Association (JAVMA) por Dereszynski DM, Center SA, Randolph JF e Brooks MB (232:1329-1337,2008). Cães são susceptíveis a aflatoxicose. Em 2005 houve uma distribuição de comida de cães contaminada com aflatoxina nos EUA, principalmente nos estados do sudeste. Eu lembro muito bem desse incidente, eu estava na Florida e houve um alvoroço, hospitais veterinários lotados de clientes preocupados e a situação só piorava a medida em que a mídia atualizava a lista de marcas de fabricantes de ração que identificavam a toxina em seus lotes. Um estudo retrospectivo de 72 casos foi conduzido para caracterizar os sinais clínicos, achados clinicopatolgicos, tratamentos e tempo de sobrevida de animas envolvidos nesse episódio. Os sinais clínicos mais comuns foram anorexia, letargia, vomitos, icterícia, diarreia, efusão abdominal, edema periférico e em casos mais complicados encefalopatia. Os achados clinicopatologicos mais evidentes foram distúrbios de coagulação e eletrolíticos, hipoproteinemia, elevação das enzimas hepáticas, hiperbilirrubinemia e hipocolesterolemia. Pacientes que apresentavam cilindruria granular (7/21) tinham o pior prognóstico. Os melhores marcadores para um diagóstico antecipado foram a atividade plasmática das proteínas anticoagulantes (proteina C, antitrombina) e hipocolesterolemia.

Comentários
Aflatoxina, uma toxina produzida pelo fungo Aspergillus, pode causar intoxicação com risco de vida em cães devido a disfunção hepática. Diferenciar aflatoxina como sendo a causa da insuficiência hepática pode ser muito difícil em certos casos. Esse artigo cita diversos marcadores que podem ser usados como auxílio diagnóstico, no entanto diversos testes não comumente realizados em cães assim como biopsias podem ser necessários. O diagnóstico antecipado é importante não somente para melhorar o prognostico, mas também para identificar que existe contaminação nas rações sendo distribuídas antes que as proporções tornem-se gigantescas.